Em 2009, aos 14 anos de idade, Lívia Carla, ainda estudante do 9º ano do Colégio Módulo, descobriu um nódulo na tireoide. Antes, fez uma biópsia, mas o exame não constatou o câncer, que até então era considerado benigno. Foi durante o procedimento cirúrgico que o médico confirmou a doença. Precisou viajar a São Paulo para iniciar o tratamento. Naquele instante, ela estaria distante, ao menos fisicamente, dos amigos, da família e dos colegas da escola. Foi quando recebeu um grande apoio e muita energia em forma de mensagens, cartas e presentes. Ela não estaria sozinha.
No dia 4 de fevereiro, é comemorado o Dia Mundial Contra o Câncer. A data é uma oportunidade para mostrar que existem orientações para o controle e que a prevenção ainda é uma das melhores maneiras de evitar a doença. Um grande aliado ao tratamento é justamente o apoio dos familiares e dos amigos. “O apoio recebido de todos os conhecidos foi tão grande que eu não sei como explicar”, ressaltou Lívia. Também no dia 15 de fevereiro é comemorado o Dia Internacional de Luta Contra o Câncer na Infância.
“Os meus familiares estavam sempre a frente de tudo para ajudar e, principalmente, dar força aos meus pais e irmão. O apoio que recebi dos meus amigos foi tão importante que jamais conseguirei demonstrar a minha gratidão”, destacou Lívia, que atualmente, aos 21 anos de idade, é estudante de Direito. “Eram tantas mensagens de apoio e carinho que mesmo estando longe por tanto tempo, eu me sentia perto deles, sempre”, acrescentou.
As mensagens e os presentes foram essenciais para dar ânimo durante o tratamento. “Eu lia e relia cada uma com tanto amor que só aumentava a minha força. Uma das surpresas foi quando um pai de uma amiga estava indo a São Paulo e as minhas amigas mais próximas enviaram cartões e muitas fotos. Era tanta alegria e ocupação que evitava sobrar tempo para a tristeza”, recordou Lívia.
No Colégio Módulo, Lívia recebeu inúmeras manifestações de apoio por parte da equipe e dos colegas de classe. “Os meus professores e coordenadores foram os meus pais no ambiente escolar”, disse. Quando foi a São Paulo, Lívia contou com o carinho das amigas e da atenção incondicional do diretor Sérgio Dantas. “Em decorrência do tempo que teria que me ausentar, minhas amigas começaram a copiar e guardar todo o material ensinado em sala de aula. Sérgio Dantas logo acalmou a minha mãe e disse que o colégio não era motivo para preocupação, visto que eles resolveriam e me ajudariam em tudo quando eu voltasse”, contou.
“Nos dias em que eu estava em Aracaju, fazia questão de ir ao colégio, não tinha jeito”, comentou. “Por estudar no Módulo desde pequena, eu tinha amizade com todo mundo, então recebia apoio desde a portaria até a sala de aula. Assim que voltei do tratamento e reencontrei os meus amigos do colégio, fiquei sabendo de alguns acontecimentos que me emocionaram muito, como o do dia da minha cirurgia. Tendo conhecimento do horário em que seria realizada, o diretor e os coordenadores foram até a minha sala de aula, afastaram as carteiras e pediram para que todos fizessem um círculo e rezassem por mim”, relembrou, ao falar sobre os momentos especiais que envolveram o tratamento contra o câncer.
Ainda recordando do carinho que recebeu dos amigos e familiares, Lívia contou que ficou muito surpresa com a visita do diretor Sérgio Dantas. “Como se não bastasse, Tio Sérgio, em uma ida a São Paulo, fez questão de nos encontrar e apresentar um casal de amigos que lá moravam para que pudessem ajudar em qualquer coisa. Foram nossos anjos. Criamos um laço de amizade muito forte com eles que permanece até hoje”, revelou.
Entre tantas lembranças, Lívia deixa um recado para as pessoas que estão enfrentando o câncer. “Nesses momentos de fraqueza, a nossa mente é a arma mais poderosa. É preciso acreditar e confiar de corpo e alma de que há uma força desconhecida em nós que, quando usada, vence qualquer obstáculo. O questionamento comum de ‘Por que eu?’ deve ser substituído pelo pensamento de que ‘Eu estou nessa porque sou forte o suficiente para enfrentar, vencer e crescer com isso’. Deve-se confiar! Confiar nas pessoas que ama, nos profissionais e principalmente em você. A disciplina e a força de vontade são essenciais e devem estar sempre juntas ao tratamento, e é por isso que eu e todas as outras pessoas que já tiveram a doença podem dizer: Eu venci o câncer”.